Toninho era um garoto cheio de imaginação e, também, muito levado.
Certa vez, despertado por uma canção de ninar,
Passou o dia todo sonhando acordado.
Sonhou…
Que voava alto, no céu, sustentado apenas por um enorme balão de bolha de sabão.
Que pulava, todo pimpão, seguindo à risca uma linha traçada a giz no chão.
Que cantava debaixo de uma ducha de bolinhos de chuva.
Que andava pela rua e ria-se ao ver toda a gente nua.
Que cavalgava um unicórnio alado por uma vasta planície de capim dourado.
Que subia e descia numa gangorra que flutuava em meio à névoa.
Que brincava na calçada, riscando amarelinhas com um pedaço de cocada.
Que velejava por um mar calminho, num barco à vela que, por uma leve brisa, era tocado com carinho.
Que trazia na cabeça uma fralda, à maneira da touca da Vovó Mafalda.
Que descia por um elevador que, a cada apertar de botão, emitia apitos como um barco a vapor.
Que viajava pelo espaço e via a Terra de longe, parecendo uma pequena bola de gude d’água, cheia como um açude.
Que desenhava histórias em quadrinhos, em que as personagens falavam-se sem a ajuda dos balõezinhos.
Que cantava um fado que, de tão jovial, mais parecia uma marchinha de Carnaval.
Por fim, que acordava em um mundo em que reinava a paz…, mas isso seria sonhar demais.
Cansado, acabou caindo no sono, indo sonhar os sonhos que sonhamos de olhos fechados.