Vidas sofridas
Esperanças atropeladas
Horizontes estreitos
Como calçadas de uma grande avenida
Onde só passam carros
Não passa gente
Indigente não passa
Passa, cachorro!
Vidas rasas
Como riachos que dão pé
Mas que são secos de vida
Vida à base de fé
Em que o fel é sagrado
Cobre a vida
Como um telhado
Que não protege das intempéries
Vidas em série
Que seguem cegas
Pra morte
Morte que apaga
Vidas sem luz
Como uma gare vazia
Alta madrugada
Numa noite fria.